quinta-feira, 26 de abril de 2007

“O sonho pertence a quem habita e não a quem projeta”

A frase acima está no espetacular livro InVersus do arquiteto mineiro Saul Vilela e serviu para gerar muitas discussões com professores nos tempos de PUC, eles diziam que o arquiteto é o senhor da razão e que o autor da frase devia ter tomado umas cachacinhas além da conta…

Passados alguns anos, agora eu como professor, resolvi provocar os alunos com essa frase em sala de aula, lhes perguntei “E ai, o sonho é de quem habita ou de quem projeta?” - já sabendo isso podia gerar uma discussão sem fim… até que um aluno, daqueles de fundo de sala (como eu já fui) é o primeiro a matar essa óbvia charada… o sonho é de ambos.

O arquiteto é o mago da lapiseira e das emoções (pelo menos os bons arquitetos sabem traduzir os riscos em sentimentos) e tem suas preferências, seu estilo e seu refinamento estético… e quase sempre isso se traduz em uma previsível linguagem arquitetônica, que o cliente deveria conhecer antes de contratá-lo… não se contrata o Cold Play pra fazer cover de Sandy e Junior…

O cliente é o usuário final e nem sempre tem um senso estético apurado ou sabe exatamente o que quer (até já escrevi neste blog sobre isso)… na verdade na maioria das vezes ele não tem o primeiro e não sabe o segundo… mas nem por isso deve ser ignorado como defendiam alguns mestres da PUC, na verdade ele deve ser traduzido… entendido… e por fim, seduzido pela boa arquitetura proposta pelo arquiteto.

Caso isso não ocorra há duas hipóteses: ou o arquiteto faz qualquer merda que o cliente peça e depois põe a culpa no pobre cliente que lhe procurou e lhe pagou para que tivesse a melhor solução; ou então o arquiteto realiza seu sonho pessoal, sem dar bola para o cliente e depois de algum tempo passa pela linda e branca obra contemporânea que realizou conforme seus mais lindos desejos e descobre que agora ela é laranja e lilás, que os anões de jardim invadiram o pilotis e bobeia até um frontão surgiu do nada…

é… sonhemos em conjunto!

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