sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Saarinen renasce em NY


Clássico de Saarinen sairá do ostracismo após 7 anos.

(Ainda dentro da fase “aeroportuária”... ossos do ofício. Vai passar)

Dentre os muitos ícones da arquitetura moderna em Nova York, um dos mais notáveis, sem dúvida, é o terminal 5 do aeroporto internacional John F. Kennedy. Projetado por Eero Saarinen sob encomenda da Trans World Airlines (TWA) e inaugurado em 1962, é uma obra emblemática, precursora do organicismo que influenciou gerações de arquitetos e que tem sua herança contemporânea mais expressiva nos trabalhos do catalão Santiago Calatrava, em obras como a estação ferroviária de Lyon-Satolas, na França, entre outras.

O projeto da Gensler, tendo o "T5" como ponto focal.

Desde a falência da TWA em 2001, ainda na amarga ressaca do 11 de setembro, o terminal 5 encontrava-se abandonado. Agora, sob a tutela da JetBlue, uma das mais bem-sucedidas companhias aéreas americanas do segmento “low-cost”, o célebre edifício está prestes a renascer. Ao custo de US$ 880 milhões, a JetBlue inaugurará este ano no JFK um dos mais modernos terminais de passageiros do mundo, que incluirá a revitalização da obra-prima de Saarinen. Com projeto a cargo do mega-escritório Gensler, o novo terminal conta com uma área de mais de 70.000m², estacionamento para 1.500 carros, e agrega o ícone modernista a um complexo contemporâneo top de linha, fazendo a ele a devida reverência. A própria companhia presta homenagem à obra, incluindo-a no logotipo do novo terminal. Passando pela grande maçã, a visita será obrigatória, mesmo que você não esteja embarcando.
O "T5" visto da parte nova do complexo, em imagem digital.

Em tempo, parênteses só a título de curiosidade: David Neeleman, cacique da JetBlue, tem cidadania Brasileira (nasceu em São Paulo, quando seu pai foi correspondente de um jornal, retornando mais tarde como missionário mórmon) e deve se valer desse subsídio que lhe dá amparo legal prara colocar em operação no Brasil, ainda este ano, uma comapnhia aérea destinada a explorar vôos de curto percurso entre os principais aeroportos do país. Para isso, conta com um investimento inicial de mais de US$ 200 milhões e tem já encomendada da Embraer uma moderna frota de 35 E-Jets da família 170-190. É esperar pra ver.

E pra finalizar, apenas divagando: Tivéssemos nós um modelo de gestão de aeroportos semelhante ao americano (onde a maioria dos aeroportos é municipal, muitos delegados à iniciativa privada), talvez a vandalização impiedosa da arquitetura original de terminais como Congonhas e Santos-Dumont e a construção de aberrações como o “novo” aeroporto de Porto Alegre pudesse ser evitada...
Para saber mais:

3 comentários:

  1. Baita texto Gabrielito... eu fiz um pequeno esforço pra lembrar onde já havia lido sobre a recuperação do terminal 5 e lembrei...

    http://parededemeia.blogspot.com/2007/11/morte-e-ressureio-de-uma-jia.html

    Foi no blog do Fernando, vale dar uma lida, ele passou por lá em novembro passado.

    Abraço
    luciano

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  2. bacana Gabriel, eu fiquei meio feliz e meio apreensivo quando passei pelo JFK no ano passado. Feliz porque o terminal da TWA esta sendo restaurado como voce tao bem descreveu, apreensivo porque o novo anexo eh muito maior e vai sufocar o lindo projeto de Saarinen.
    http://parededemeia.blogspot.com/2007/11/morte-e-ressureio-de-uma-jia.html
    abracos,
    Fernando

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  3. De fato, é gigante... mas, dentro do possível, acho que a Gensler até conseguiu preservar a arquitetura original do T5, e com aquele "gap" entre a parte nova e a antiga, o impacto, na minha humilde opinião, é menor.

    A bem da verdade, a JetBlue não "precisava" do T5, ela podia ter construído seu mega-terminal em qualquer lugar do JFK... mas recuperar e reverenciar uma jóia arquitetônica daquele quilate dá à companhia um status de "mecenas", cujo valor só o depto. de Marketing sabe medir.

    Agora, ruim é quando o pessoal coloca vidro colorido, pinta o concreto de branco, etc. ou quando escondem ou vandalizam o edifício com anexos, puxadinhos e justaposições de qualidade arquitetônica sofrível, como no Santos-Dumont que você muito apropriadamente comparou ao T5. Aliás, muito legal o seu texto também, Fernando... parabéns.

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