segunda-feira, 3 de março de 2008

Momento pipoco: Tropa de Elite



Wagner Moura, impecável como Capitão Nascimento

Sim, eu sei: tô atrasado. Mas Tropa acaba de faturar, muito merecidamente, o Urso de Ouro em Berlim, momento mais do que oportuno pra colocar o filme de volta na roda. O engraçado é que, por conta da violência do filme, acharam por bem indicar o mais user-friendly (mas igualmente excelente, diga-se de passagem) "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" para a pré-seleção do Oscar, com medo de o filme não passar. O Ano não passou e, em suas categorias principais, o Oscar agraciou filmes em que o sangue jorra à vontade. Se a gente soubesse...

Na verdade, o motivo do texto não é esse, e sim que finalmente vi o filme, esse fim de semana. Duas vezes, aliás (antes que alguém pergunte, foi cópia oficial, alugada na locadora, por R$ 5,50).

O fato é que o filme é muito bom, excelente, pra dizer o mínimo. A discussão sócio-chata que ronda a obra cinematográfica já cansou, já se esvaziou, a realidade é aquilo ali mesmo, e foi muito bem retratada, ponto final. O que é bom, pois posso vir aqui só elogiar o filme em si, sua filmagem frenética e nervosa, 100% "câmera na mão" (arte singela que os americanos e sua mastodôntica indústria não dominam, e invejam) , a ótima fotografia, trilha sonora, etc. e, principalmente, o desempenho maiúsculo do elenco (já que os diálogos contaram com uma boa dose de improviso) e, em especial, do trio de protagonistas: De Wagner Moura, ator jovem mas de primeira grandeza, já se sabia o que esperar. Mas foi dos "aspiras" que gostei mais: Caio Junqueira se liberta de uma vez por todas dos papéis infanto-juvenis que o popularizaram na TV e se consagra na pele do "psicopata do bem" Neto. E a grande revelação do filme é, sem dúvida, o gigante André Ramiro: Com todo o respeito a tudo que José Padilha construiu, um bom treinamento basta para as cenas "à la Rambo" do BOPE subindo o morro. Mas a explosão de raiva do até então conciso e ponderado Matias, pagando geral em plena "passeata pela paz" é para poucos. Pra mim, uma das melhores cenas da história recente do cinema nacional.

Portanto, se é que você ainda não viu, compre o DVD ou corra na locadora. Vale a pena. Se você já viu aquela cópia que o filho da prima da vizinha conseguiu com o irmão da namorada dele que comprou num camelô do centro da cidade, saiba que a quase totalidade das cópias piratas foram originadas de um copião não-finalizado do filme, e que a qualidade do original é muito melhor, vai por mim.


P.S.: Mas, se ainda assim, você viu o piratão e se deu por satisfeito, deposite o equivalente a uma entrada de cinema em sua cidade na conta 16021-0, da agência 3118-6 do Banco do Brasil. A Zazen Produções, de José Padilha e Marcos Prado, destinará o valor arrecado para ações voluntárias do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O dinheiro servirá para a construção da Casa do Paciente do instituto. Não dói.


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