sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hungria, sob a sombra do terror (2)

Continuando a postagem anterior sobre a Hungria, o país onde o suco de laranja tem gosto de manga...

O responsável pelo hostel onde ficamos em Budapeste era um norte americano completamente alucinado que sabia onde era Porto Alegre porque gostava muito de um jogo chamado Pirates (alguém conhece?) e Porto Alegre estava no jogo... perto de Montevidéu.
Logo que chegamos ele atenciosamente pegou um desses mapas para turista e rabiscou todo com dicas e lugares para conhecermos e uma das coisas que deveríamos fazer era caminhar pela Champs-Élysées húngara (palavras dele) a Andrássy út, uma de mais ou menos 2,5 km que liga a região central da cidade com o parque Városliget, o maior e mais antigo parque de Budapeste, sendo o ponto de encontro da avenida com o parque a Hösök Tere, ou em bom português a Praça dos Heróis.

Caminhando pela Andrássy entendemos a comparação do americano, a avenida é realmente a mais charmosa de Budapeste. Ali entre as belas casas e edifícios de fins do século XIX e início do século XX estão a sede da Ópera Húngara, as lojas de famosas (e caras) marcas internacionais, embaixadas, bares e restaurantes bacanas... e empreendimentos imobiliários feitos para investidores internacionais, como o Andrássy Palace Gardens.

E foi no número 60 dessa linda avenida em uma mansão que até 1936 era uma residência unifamiliar e que a partir daí o Arrow Cross Party (partido nazista húngaro) gradualmente foi alugando partes da casa até em 1940 tomar posse totalmente e passar a chama-la de Casa da Lealdade.

Enquanto o nacional-socialismo (tem gente que se ofende com a palavra nazismo) esteve no comando os porões da casa da rua Andrássy servia como uma prisão... quando, em 1945, os soviéticos tomam a Hungria a casa passa a ser sede da polícia política comunista e passa a ser conhecida como Terror Hazá (Casa do Terror).

O novo apelido poderia ter sido Quadra do Terror, pois os comunistas interligaram os subsolos de toda a quadra criando um verdadeiro labirinto de celas, salas de interrogatório e salas de tortura.
Os inimigos do Estado eram mantidos em celas mínimas (algumas com 60x50 e não mais do que 1,80 de altura) onde eram privados do sono, torturados de todas as formas imagináveis (e algumas nunca havia imaginado e que prefiro não acreditar)... as mãos e pés eram presas a verdadeiros artefatos medievais, como correntes com bolas de ferro de quase 20kg... Ir ao banheiro ou trocar de roupa era algo privilégio de poucos e a ração diária para cada preso não passava de 500 calorias e era uma fatia de pão e uma pequena caneca com sopa de feijão.

Não sabe ao certo quantas pessoas passaram pelos porões da Andrássy 60, mas por lá falam em milhares.

Em 2002 a casa passou a abrigar um museu e memorial as vítimas de ambos regimes de terror e foi nesse museu chamado de Casa do Terror que eu conheci essa parte da história do povo húngaro e de onde trouxe vasto material escrito sobre o tema.
Para essa postagem não ficar ainda mais cansativa eu deixo para falar especificamente sobre o museu na próxima.

P.S.: Não é usual copiarmos textos de terceiros... nem utilizarmos wikipedia ou outros sites do gênero como fonte (pelo menos principal) de informação ou de imagens. Esse é um blog autoral e inclusive não recomendamos a ninguém com plena saúde mental a utilização dos nossos textos para trabalhos acadêmicos... e como não somos pesquisadores e/ou grandes estudiosos também não garantimos que tudo o que escrevemos está correto... gostamos e agradecemos quando corrigem alguma informação incorreta/incompleta... e pedimos que perguntem sempre que tiverem dúvida sobre a fonte de nossas informações... em um mundo civilizado perguntas valem mais do que falsas afirmações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário