segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Recomeçar Mineiro


Praça Tiradentes, Ouro Preto-MG

Ok, todo mundo sabe que o Brasil só volta a funcionar depois do carnaval. Mas vamos lá:

Entramos em 2010 e não tenho nada muito filosófico a dizer a respeito: só que desejo que você que está nos lendo tenha um ano só de "prós", e consiga driblar todos os "contras" com toda a serenidade possível.

(e, em nome dos meus primeiros cabelos brancos, nunca é tarde aconselhar: Desenhe! a munheca é a salvação do arquiteto, e enquanto continuarmos formando atletas do SketchUp, Photoshop, 3d Studio e afins, a arquitetura estará perdida. Aliás, ganhei um Moleskine de natal, mais um bom motivo pra rabiscar.)

Vocês bem notaram que o blog tem passado por uma fase "turística", principalmente pelas mãos - e fotos - do Luciano, que tem nos presenteado com relatos pra lá de interessantes de suas incursões pelo velho continente e pelo país que um dia ainda há de lhe conceder a cidadania - a Argentina.

Enquanto outros assuntos interessantes estão no forno, para novos posts em breve (antes que perguntem: sim, eu vi "Avatar" em 3d e achei duca, e - não: Não vou fazer um "Momento Pipoca" pra chover no molhado), vamos seguindo a linha turística, porém valorizando nosso quintalzinho, já que semana que vem farei uma longamente desejada viagem por Minas Gerais - Belo Horizonte e cidades históricas, lugares do nosso Brasil que sempre quis conhecer, e viagem que a proximidade geográfica com Brasília tornou mais viável.

O que me traz de volta às "finaleiras" dos anos 90: Nessa época, muitos arquitetos de Belo Horizonte estiveram em Porto Alegre, ministrando palestras, lançando livros, participando de júris de concursos. Entre os que por lá passaram - e tive o prazer de ver e ouvir (isso quando não tive a oportunidade de ouro de tomar algumas cervejas com alguns), posso citar Sylvio de Podestá, Saul Villela, João Diniz, Éolo Maia entre outros, que (não só em matéria de arquitetura) formavam uma turma de fanfarrões, que contrastava gritantemente com a sisudez gaúcha (aí, PRINCIPALMENTE em termos de arquitetura).

Omni, edifício comercial de João Diniz, "conversando" com o passado em BH

Lembro claramente que eu e o Luciano nos identificamos de pronto com os caras, talvez cansados da "modorra ortogonalizante" que grassava em nossas faculdades, e talvez pelo fato de nossa produção acadêmica, na época, estar tão intimamente ligada a outras manifestações "não-arquitetônicas" - a conversa, a risada, a música e o boteco, pra citar algumas. O fato é que das pranchetas da turma de Minas, surgiam formas ousadas, abusadas, coloridas, gargalhantes. E o clima de camaradagem entre eles nos dava verdadeira inveja, até por nos parecer algo impossível de implantar por lá, por motivos que não vêm ao caso.



É com muito carinho que lembro desse pessoal, que me fez ver o quanto a vida e a arquitetura estão ligadas e se influenciam. O trabalho deles não era tão instigante por acaso: Bastava conhecê-los e ver como se frequentavam e se comemoravam mutuamente, valorizavam a convivência, a conversa de botequim ou o encontro em volta do fogão a lenha para ver e entender o que saía daquelas mesas de desenho (sim, o computador já estava lá, mas eles desenhavam bastante). Faz tempo que não tenho notícias da turma, e espero que minha passagem por Minas me possibilite o encontro com alguns exemplares de sua produção, que me acostumei a ver em fotos, quando não em "slides" projetados nas palestras na FA-UFRGS. Por ora, vou revisitando alguns exemplares da minha pequena "Biblioteca de Arquitetura Mineira", e me preparando para trazer alguma coisa pra cá na próxima semana.

Hotel Tijuco, Diamantina-MG

sem esquecer da parte histórica, é claro. Esse é um dos objetivos principais da viagem. Mas, como não sou de ferro, em Diamantina ficarei no hotel Tijuco, obra "das antigas" de Oscar Niemeyer, encomenda de Juscelino Kubitschek, diamantinense ilustre. Só espero encontrá-lo em tão boas condições quanto as fotos do site fazem supor. Aguardem.